Provence: Parc DU Verdon & Moustiers Ste Marie
Sim, o DU tem que estar em maiúsculo, pois eu adoro escrever esse negócio: “DU”. Acho engraçado. É “DU” Verdon, é “DU” Quebec – como diria a Mari, diretora do Gira Mundo, atual correspondente em Miami e ex-correspondente du Quebec. E o negócio é que o Verdon é mesmo “DU Carrâmba!”.
Lá no passado, quando eu me surpreendi ao descobrir que a Provence estava pertinho do mar, eu não tinha idéia de que, também na Provence, tinha um lugar tão surpreendente quanto o Verdon. O melhor “DU” Verdon é que ele está no caminho “DU” Var e “DU” Vaucluse que, como eu já havia dito em posts anteriores, formam o melhor DA Provence (acho melhor parar por aqui com o “DU”).
Nós conhecemos o Verdon quando seguíamos de St Paul de Vence para a parada seguinte em Moustiers-Ste Marie na divisa do Var com Alpes-Haute Provence.
O rio Verdon forma um canyon de águas esverdeadas, produto do derretimento dos Alpes. Ao longo desse canyon, seguem duas lindas e pequenas estradas, a D71 e D952, uma de cada lado do Canyon e que estão igualmente marcadas em verde pelo Guia Michelin. Se você não conhece, o guia Michelin de estradas marca em verde os trechos das estradas em que o cenário vale a pena. E neste trecho, ambos os lados são dignos de nota. A estrada é alta e bem estreita, com lindos “belvédères”. Infelizmente o tempo não estava bom, mas ainda assim, o Verdon vai ficar na memória. Até porque o final marcava uma surpresa para nós: ao passar pelo trecho mais estreito do canyon, a cor da água ficava mais intensa.
Ao final, quando a chuva realmente não conseguiu mais esperar nosso passeio terminar para cair, paramos para almoçar na pequena Aiguines que fica já perto de Moustiers, no finalzinho do canyon. E São Pedro avisou que “agora, só amanhã”. O tempo não iria melhorar naquele dia.
A nossa próxima parada foi num hotel à altura do que havíamos deixado para trás. Eu esperava bastante, pois este não seria um hotel qualquer, mas um hotel gourmet, um hotel comandado por um respeitado chef “da modinha”: Alain Ducasse. Já era então de se esperar que o La Bastide de Moustiers tivesse em seu restaurante um dos pontos altos de toda a região.
Por isso, já que estava chovendo e o hotel prometia, era melhor mesmo correr para curtir o hotel. Que decisão mais sábia. O hotel havia nos reservado um quarto especial e dormimos “de sonhar” como crianças até a hora do jantar… E que jantar… Aquilo foi uma experiência gastronômica. Todos os meus preconceitos sobre a culinária francesa caíram por terra nesta viagem e o principal deles era sobre a quantidade. O chef dos bons restaurantes sempre manda um “petit” qualquer coisa antes da entrada para abrir seu apetite, pode ser um creme de qualquer coisa, mas caprichadíssimo, de forma que o seu apetite é aberto em grande estilo. Depois, vem entrada, o prato principal, um sortimento de queijos finos (o meu queijo de lavanda era tão bom que passei a questionar se esse negócio de reserva de mercado e subsídio a pequenos agricultores bancados pela União Européia não deveria mesmo ser mantido pelo menos para as tais vacas alimentadas por lavanda), tem a sobremesa e o café que, embora não seja nem de perto tão bom quanto o italiano, vem acompanhado de mais alguns pequenos doces, sempre surpreendentes. Não dá para passar fome e os jantares foram ficando melhores a cada dia.
E como São Pedro é santo protetor do Gira Mundo, o amanhecer foi espetacular. Um dia de sol e temperatura exata para um passeio neste vilarejo incrustado na montanha. Eu preciso dizer também que o Alain Ducasse não dá a menor bola para café da manhã. Fraquíssimo. Apesar de nos servir num jardim externo bem bonito, o café fica devendo e muito!
Moustiers foi fundada nos tempos das Cruzadas, é linda, pequena, habitada, autêntica, tem um pequeno riacho límpido que a corta e se você gosta de consumir, é o lugar da cerâmica faiança, ou faïence para os frescos e franceses. Nós preferimos mesmo gastar no hotel e no jantar. Levamos apenas uma garrafa de água de Moustiers.
Ainda um bom passeio, é subir à igreja de Notre-Dame-de-Beauvoir e, como o nome da igreja já indica, vislumbrar os belos campos da Provence por cima de todo o vilarejo. Com minha melhor e única passageira grávida, então de três meses, achei melhor não subirmos para não exagerar no esforço, mas fica dada a dica. Pelo que eu vi ali, se eu fosse você, eu subiria. Eu continuo com Vaucluse e Luberon na próxima.
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